Partindo do pressuposto de que nenhuma presença é neutra e entendendo que os pássaros são nossos contemporâneos – seres com quem partilhamos territórios, acontecimentos e histórias –, María Jerez e Élan d’Orphium ocupam o jardim do Museu de Aguarela Roque Gameiro ao pôr-do-sol, para criar uma situação partilhada de escuta aberta e atenta, numa invocação em forma de concerto experimental a partir do canto dos pássaros.
O chilrear é o som com que um pássaro chama outro da sua espécie. Mas há aparelhos que imitam o som emitido por um animal. Geralmente, são instrumentos de sopro ou cornetas e, na maioria dos casos, o som que esses aparelhos produzem costuma imitar o dos pássaros.
Nas suas últimas pesquisas, María Jerez e Élan d’Orphium trabalharam na construção de novos assobios de pássaros, para uma composição sonora ao entardecer em sintonia com os pássaros.
Optam pelo pôr-do-sol, porque é a hora em que os pássaros voltam para casa, coincidindo com a mudança na pressão atmosférica, que os convida a cantar.
performance
14 out. > 18h30
Aprox. 35 min. ☺ M/3 ☺ 6€
All in the air is bird
María Jerez (ES)
María Jerez é artista. O seu trabalho situa-se entre a coreografia, o cinema e as artes visuais. Nas suas obras mais recentes, questiona as convenções teatrais e cinematográficas e o entendimento subjacente que as mesmas têm do espectador, abrindo espaços eventuais por meio de encontros com aquilo que o espectador considera estranho e alheio e esbatendo as fronteiras entre conhecido e desconhecido, objeto e sujeito, animado e inanimado. O seu trabalho procura escapar à lógica logocêntrica e antropocêntrica, onde o conhecimento humano se torna vulnerável a outros ecossistemas enigmáticos e complexos.
Élan d'Orphium
O trabalho de Élan d'Orphium (também conhecido como Pablo García Martínez) propõe releituras do género, do humano e do género humano por meio de uma interpretação fabulada da escuta, gestos e observações com espécies de outros domínios. O trabalho de Élan d'Orphium é desenho, cena, ação e a consequência de um ato de ser, por vezes hiperbólico, em que a imagem rompe com a estrutura e cria um território de suspeição, não-narrativa e estranheza. Procura diluir ou integrar a performance no social e o social na performance num exercício que se prende com o potencial simbólico da arte.

© elan d’orphium
Criação María Jerez, Élan D'Orphium
Instrumento Alejandro de Antonio
Apoio e produção Dorothy Michaels
Agradecimentos Pablo de la Nava/ SEO Birdlife